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IEMANJÁ, MÃE DE TODAS AS CABEÇAS

 

O povo africano de Yoruba veio para o Brasil muitos anos atrás dentro de navios escravos. Eles trouxeram seus deuses ou Orixás e suas tradições. A rainha Iemanjá foi uma das muitas divindades/forças da natureza trazidas pelos escravos para o novo continente.

 

Ela é a deusa mãe, a padroeira das mulheres, especialmente mulheres grávidas. Ela é o oceano. A essência da maternidade, a protetora das crianças e o espírito belo das ondas. Seu número de sorte é sete.

Iemanjá é a contração das seguintes palavras em Yoruba: “Yeye emo eja” que significa “Mãe cujos filhos são como peixes.” A sua maternidade é imensa. Sua fecundidade é infinita. Seu reinado é sobre todos os seres vivos.

Os pais de Iemanjá são Oduduwa e Obatala. Ela é casada com Aganju e eles têm um filho, Orungan. De Iemanjá nasceram quinze Orixás. Eles incluem Ogum, Olokun, Shopona and Xangô. Acredita-se que Iemanjá tenha sempre estado entre nós e tudo que existe, incluindo os Orixás, é proveniente do seu útero fértil.

Ela é conhecida por vários nomes. Nas religiões brasileiras de Candomblé e Umbanda, Yemanja é chamada Iemanjá ou Janaína. Em outros lugares do Brasil ela é cultuada como a Sereia do Mar, Princesa do Mar, Inaê, Mucunã, Dandalunda, Marabô, Princesa de Aiocá, Maria e Dona Iemanjá. Não importa aonde ela é cultuada, ela é sempre considerada o espírito belo das ondas.

Uma exceção é a mitologia do povo de Dahomey. A variante de Dahomey é Nana Burku. Nessa forma ela se manifesta como uma mulher mais velha, vestida de preto e violeta claro. Nana Burku é uma deusa da terra. Ela governa os pântanos ao invéis do oceano.

 

 

 

 As oferendas a Iemanja.

As oferendas mais comuns são flores, perfumes, jóias, pentes, espelhos, leques e outros acessórios à vaidade feminina. À noite, velas acesas são deixadas na areia da praia para que Iemanjá possa encontrar suas generosas oferendas.

Tradicionalmente, pescadores locais juntam estes presentes deixados na praia e os colocam em cestas grandes. Eles levam as oferendas em seus barcos e as deixam em alto mar. Acredita-se que Iemanjá recolherá suas oferendas do fundo do oceano e as levará consigo junto com as aflições e preces dos seus seguidores.

Os donos de escravos brasileiros proibiam que os negros africanos cultuassem seus Orixás livremente. Como resultado ocorreu o sincretismo do catolicismo e a crença dos Orixás. Em Salvador na Bahia, a santa católica Nossa Senhora dos Navegantes se uniu com a Orixá Iemanjá criando um sistema religioso afro-brasileiro.

As festas e comemorações. 

Fevereiro é o mês official de Iemanjá na Bahia. Em Salvador milhares de pessoas se enfileram ao amanhecer para deixar suas oferendas no santuário formado no Rio Vermelho. De todos os estados do Brasil, os seguidores do Candomblé na Bahia celebram a forma mais pura da religião africana. Dia dois de fevereiro é o dia de Iemanjá que é celebrado com uma grande festa e muitos presentes para a rainha.

Também nesta data em Pelotas no Rio Grande do Sul, a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes é carregada até o porto de Pelotas. Ao final desta festa católica, em reconhecimento a este culto sincrético, os barcos jogam suas âncoras e os seguidores de Umbanda levantam a imagem de Iemanjá. Esta é uma cerimônia que é assistida por milhares de pessoas na margem do rio.

Em Salvador, o dia 8 de dezembro é outro dia de festa para Iemanjá. A Festa da Conceição da Praia é um feriado na cidade dedicado à católica Virgem Maria assim como à Iemanjá. Também dia 8 de dezembro em Salvador, em Pedra Furada, Monte Serrat, se oferecem presentes à Iemanjá. Aqui pescadores baianos comemoram sua devoção à Rainha do Mar.

Fora do estado da Bahia, Iemanjá é celebrada principalmente por seguidores da religião de Umbanda. Fundada no Brasil nos anos 1900, esta é uma forma mais moderna da religião Africana. Umbanda tem milhões de seguidores em todo o Brasil, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro.

 

No estado de São Paulo, Iemanjá é celebrada às margens da praia de Praia Grande nos dois primeiros finais de semana de dezembro. Nesses dias veículos carregando a imagem e as cores de Iemanjá atravessam desde as montanhas de São Paulo até o litoral, frequentemente viajando dezenas de quilômetros. Ao final desta jornada, milhares de pessoas se juntam próximas à imagem de Iemanjá na praia de Praia Grande.

No final do ano, no Rio de Janeiro, milhares de cariocas (não importando suas religiões) saúdam a chegada do novo ano vestidos de branco. Eles se encontram na praia de Copacabana, assistem fogos de artifícios e jogam flores no mar com esperanças que a rainha realizará seus desejos no novo ano que se aproxima. Alguns enviam seus presentes à Iemanjá em barquinhos de madeira. Pinturas de Iemanjá são vendidas nas lojas do Rio, próximas à pinturas de Jesus, da Virgem Maria e de outros santos católicos. Iemanjá é representada como uma linda mulher se elevando do mar. À noite o porto de Copacabana fica todo iluminado com as oferendas à Iemanjá. Flores e velas acesas velejam nos pequenos barcos enquanto são levadas a alto mar.

Uma deusa do rio assim como uma deusa do oceano, Yemonja (Yemoja) representa os fluidos, o aspecto maternal da divindade. Yemonja é mais popularmente associada aos mares. O seu nome significa “nossa mãe cujos filhos são tão numerosos quanto peixes nos mares”.

 

 

Iemanjá, como uma deusa de água salgada, é personalizada como uma mulher ébano com seios grandes que alimenta o mundo. Sua incarnação mais recente na terra foi de uma energia passiva, um símbolo da criação e do renascimento. Na mitologia Orixá, ela se tornou uma mãe terrena forte e dominante depois de experimentar abuso e desrespeito de Orixás riváis. A resposta de Iemanjá à atos de violência praticados contra ela foi a de se jogar de um morro muito alto. Esta queda a arrebentou e os 16 Orixás e os primeiros seres humanos - um homem e ama mulher - saíram de dentro dela . Os fluidos aminoáticos que saíram de dentro dela formaram os rios, lagos e oceanos. As misfortunas de Iemanjá nos ensinam que devemos perseverar apesar das dificuldades que a vida nos apresenta.

Apesar de muitas pessoas associarem charme e sensualidade a Oxum, estes atributos na verdade pertencem à Iemanjá. Ela é a representação da mulher; seus quadris largos representam a maravilhosa experiência que é a de dar a vida. As turbulências do mar são símbolos das oscilações hormonais que podem contribuir para as mudanças de humor nas mulheres. Uma vez que o amor de Iemanjá esfria e seu amante é expulso de sua vida, ela permanece sozinha, firme e indiferente no seu trono.

Como uma mãe celestial, a força, o mistério, o suporte e o amor de Iemanjá são comemorados durante todo o ano. Seus dias de festa dependem da região onde seus seguidores residem. (Em lugares de clima mais frio seus seguidores comunem com ela ao nível do mar somente durante os meses mais quentes.) Consequentemente, ela é cultuada várias vezes durante o ano por todo o mundo. Em Cuba, seu dia sagrado é o 8 de setembro.